Infindável
Seja feita a pura vontade
Humana em sua essência
E que seja imutável
A capacidade da existência
Além de toda a verdade
E sentida por toda consciência
Ainda que indefensável
A nossa pequena resistência
Seja eterna a trajetória
De astros em cartas e clarões
E que seja impecável
O mistério das constelações
Apesar de toda memória
E das estranhas ilusões
Que tornam indispensável
As lágrimas junto às canções
Seja permitida a loucura
Nos saltos e sonhos infinitos
E que seja incontrolável
A decadência dos velhos mitos
Para que assim se ascenda a cura
E revelem-se destinos bonitos
Deixando mais incontestável
A grandeza dos próprios ritos
Seja concedida soberana
A vontade dos não celestiais
E que seja incansável
O fulgor das surpresas reais
Pois que toda a natureza humana
Seja perdoada às vias racionais
E que assim seja infindável
A divina comédia dos mortais