Poeminhas

Vez ou outra escrevo um poeminha,

nada muito bonito

ou que invoque a ataraxia.

Escrevo como quem chora,

olhos embargados de versos

em um réquiem da memória.

Vou buscando na caixinha

o inverso do não dito,

aquilo que a alma gemia

quando viveu o suplício

de uma dor tão microscópica

por razões tão metafísicas.

Escrevo como quem caminha

no abismo do conflito,

expulsando a eudaimonia.

Mas se um dia eu encontrar,

interpolada em rimas,

a graça ingênua da alegria,

hei de examinar-me a fundo,

suspeitando que o mundo

não mais me assustaria.

Eduardo Becher
Enviado por Eduardo Becher em 22/06/2024
Código do texto: T8091080
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