Poeminhas
Vez ou outra escrevo um poeminha,
nada muito bonito
ou que invoque a ataraxia.
Escrevo como quem chora,
olhos embargados de versos
em um réquiem da memória.
Vou buscando na caixinha
o inverso do não dito,
aquilo que a alma gemia
quando viveu o suplício
de uma dor tão microscópica
por razões tão metafísicas.
Escrevo como quem caminha
no abismo do conflito,
expulsando a eudaimonia.
Mas se um dia eu encontrar,
interpolada em rimas,
a graça ingênua da alegria,
hei de examinar-me a fundo,
suspeitando que o mundo
não mais me assustaria.