Perdição Divina

O mundo é apenas um ponto na mente humana,

Os deuses ficariam todos perdidos

nesse caos infinito que os pariu,

Indefinidos entre horror e beleza,

razão e loucura simultâneas,

atravessados pelas flechas e anzóis do desespero,

No cárcere da eternidade que os contemplam,

teriam a morte como utopia suprema,

Mas veriam os grãos infindos da imaginação

se espalhando nos campos do universo,

Florestas de galáxias fantásticas sobrepostas

explodindo vida e destruição,

Em toda sua aurora sombria, sua violenta doçura,

sua compaixão jactante, sua lúdica lucidez,

sua condição dialética, entrópica e paradoxal

produzindo sonhos, magia, milagres

nos terrenos hostis da existência,

no ceticismo brutal da realidade,

no absurdo da total ausência de sentido,

A delicada bravura indômita de ser

na imaterialidade dos acontecimentos

que naufragam naquela ferida rítmica,

Cárcere da finitude dos mestres das utopias,

Câmara de retratos do esplendor da memória,

Berço dos mais belos danos e enganos

e sepulcro de toda sensatez, toda razão,

Ali se destila venenos de ambrosia

que impregna os nossos sentidos

fecundando centelhas quimeras;

As divindades poderiam passar a eternidade

loucas e errantes

no turbilhão de itinerários de nossa mente,

Mas não suportariam um dia sequer

trancadas no quarto efêmero

de nosso insensato coração.

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 20/06/2024
Reeditado em 22/06/2024
Código do texto: T8090252
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