Musa noturna

Quem acena a dor esconde

A palma que movimenta

A alma está sangrenta

O riso que sabe-se onde

Se sabe me responde

Nem tudo é fauna e flora

Te apruma e revigora

No canto desfaz o drama

Mantém a última chama

Da noite és tu senhora

A chama que arde no peito

Outrora enorme labareda

Fina flor pele de seda

Pálida no sentir rarefeito

Encaro teus olhos sem jeito

Límpida lágrima que chora

Lembrança que me devora

Profunda dor que consome

Segue tua vereda e some

Da noite és tu senhora

A fonte que se derrama

Declama doce e calma

Saciando a tua alma

Na tua paixão insana

Que devora e inflama

Entre o ficar fostes embora

Pela vida destino afora

Volta estrela pura

Incandesce a trilha escura

Da noite és tu senhora

A poesia se fez materna

Confortando a rima fria

Expulsando a nostalgia

Com sua beleza eterna

A tristeza hoje inverna

O ser deserto reflora

No instante da última hora

Brilhou na minha agonia

O sol que se escondia

Da noite és tu senhora

Assim o infinito descoberto

Na glosa da poesia

Do real a fantasia

Entre o certo e o incerto

Ante o febo boquiaberto

Não me negues o teu agora

Banhada de absoluta aurora

Vês a lua como flutua

Enxuga tua pele nua

Da noite não és mais senhora.

Dedico este singelo poema à minha querida e doce amiga Aparecida Ramos que embeleza e perfuma este Recanto com suas pérolas poéticas.

Ademar Siqueira
Enviado por Ademar Siqueira em 20/06/2024
Reeditado em 20/06/2024
Código do texto: T8090037
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