Estações
Ontem já não chovia nenhuma gota
E não era inverno no coração
Nos lábios tremiam palavras novas
Mas não eram amor.
Lá naqueles interiores sem azul
A estação do trem estava vazia
Nada de pessoas, nadando em tristezas
As estações de trem são portos-solidões.
Há sempre alguém a ir embora
O acenar da janela, a vida invadida
De outros silêncios a vida pia
Mas não é de amor
Ontem já se era outono
O dia nasceu invernamente quente
Tento inventar palavras novas
Para falar de coisas do ontem
A cada estação uma nova partida
A mala cheia de idas, de vindas
Os olhos de quem parte, partidos
Os olhos de quem fica, sentidos.
Milton Antonios
20jun/2024