Na Sarjeta
Entregue ao relento,
Sobrevivendo à sorte e ao tempo,
Subjugado por tantos,
Acusadores atentos.
Não sou vítima da sociedade,
Não sou vítima de ninguém,
Sou figura autodestrutiva,
Na noite de núpcias trocado por um punhado de vintém.
Desafogo meus dramas no fogo das ruas,
De braços dados com minhas loucuras,
Dos ilícitos quero distância,
Mas cachaça a quero bem de graça.
Meus amores esperam minha volta,
Pois sempre tive um lar do bem,
Mãe, pai e filhos entoam os mesmos cantos:
“Nosso amor é o presente que tu tens.”
Tantos seres gostam de mim, menos do que me tornei...
Nessas horas de minha loucura não gosto nem de mim,
Quando a vertigem me envolve, talvez não goste mais de ninguém,
Da sarjeta, quem sabe ainda saio, ou retornarei um homem de bem, talvez feliz.