CLARALUZ (III)

Sabedora que a luz ofusca,

eis a mulher cega que vê:

deixa-se penetrar com rebusca;

apenas transluz e crê.

O que percebe não a seduz.

Apesar da clarividência,

não se ilude com aparência.

Pratica o sinal-da-cruz.

Aceita ser transpassada.

Não retém nem deseja

a luz para si. Transparece...

e agradece. Assim seja.

Iluminada, sabe que o brilho não é seu.

Tem da verdade a certeza:

a sua clareza

é um dom que Deus lhe deu.