Carnaval

A ordem é para matar

Ou de fome, ou de sede

De bala( achada) perdida

De peste, de dengue, covid.

A ordem partiu lá de cima

Do céu do decimo quinto andar

Dessa gente esquecida

Que coloca roupa no varal

Essa gente amontoada nos morros

Nas vielas, nos cortiços, nas palafitas

Essa gente por vezes encardida

Pardas, negras áfricas, exóticas fatais

A ordem é para matar

De tifo, coceira, coqueluche

De arma branca, de fuzil, sarampo

De raiva, de ódio, de tédio

A ordem partiu do escritório

Com tom discriminatório, de luxos

Varrer o lixo para os cemitérios

Limpar as ruas, lavar os prédios

Essa gente que vem do nada

Que sujam as calçadas

Essa gente feia que sorri e canta

Que faz o carnaval de nossas lembranças.

Milton Antonios

19jun/2024

milton antonios
Enviado por milton antonios em 19/06/2024
Código do texto: T8089257
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