Utopia

Às vezes, a vontade é gritar.

Xingar o mundo e me isolar.

Às vezes, a vontade é chorar.

Pranto mudo a me consolar.

Conforto eu espero encontrar

No precipício desse coração.

Acho que eu deveria orar.

Evitar o castigo com o perdão.

Mas a tortura continua,

E o desespero sufoca.

Quero fugir, perder-me na rua.

Onde teu olhar não me toca.

Talvez até arrancar do peito

Esse coração traidor.

Trazer uma dose de respeito.

Sufocar aqui esse amor.

Mas às vezes, a vontade é beijar-te.

Esquecer o mundo, amar-te.

E certas vezes, a vontade é acordar.

E desse sentimento surdo para sempre me despertar.

Dalila Fagundes do Real
Enviado por Dalila Fagundes do Real em 08/01/2008
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