Utopia
Às vezes, a vontade é gritar.
Xingar o mundo e me isolar.
Às vezes, a vontade é chorar.
Pranto mudo a me consolar.
Conforto eu espero encontrar
No precipício desse coração.
Acho que eu deveria orar.
Evitar o castigo com o perdão.
Mas a tortura continua,
E o desespero sufoca.
Quero fugir, perder-me na rua.
Onde teu olhar não me toca.
Talvez até arrancar do peito
Esse coração traidor.
Trazer uma dose de respeito.
Sufocar aqui esse amor.
Mas às vezes, a vontade é beijar-te.
Esquecer o mundo, amar-te.
E certas vezes, a vontade é acordar.
E desse sentimento surdo para sempre me despertar.