DE VENTO EM VENTO

quantos deitados ao comprido falam entre si?

será a névoa a combustão das conversas?

sete funduras de terra a espremer os lábios

ali, alinhados em filas, todos arrumadinhos

sem batons, sem cachimbos, sem telemóveis...

tão (inquietamento) quietos de eternidade

só lhes resta por os poucos assuntos em dia

talvez dar conta, uns e outros

da contagem das visitas recebidas

talvez falem da frescura das flores

ou do amarelecer das últimas fotografias

quiçá do musgo que lhes afaga as camas

deve ser triste SÓ ouvir os passos de quem passa

tirando as vezes que alguém por ali para...

incinerem-me e atirem-me pelo ar

quero ir por aí, de vento em vento

a conversar com tudo e todos

18-06-2024

AlexandreCosta
Enviado por AlexandreCosta em 18/06/2024
Reeditado em 19/06/2024
Código do texto: T8088287
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