DE VENTO EM VENTO
quantos deitados ao comprido falam entre si?
será a névoa a combustão das conversas?
sete funduras de terra a espremer os lábios
ali, alinhados em filas, todos arrumadinhos
sem batons, sem cachimbos, sem telemóveis...
tão (inquietamento) quietos de eternidade
só lhes resta por os poucos assuntos em dia
talvez dar conta, uns e outros
da contagem das visitas recebidas
talvez falem da frescura das flores
ou do amarelecer das últimas fotografias
quiçá do musgo que lhes afaga as camas
deve ser triste SÓ ouvir os passos de quem passa
tirando as vezes que alguém por ali para...
incinerem-me e atirem-me pelo ar
quero ir por aí, de vento em vento
a conversar com tudo e todos
18-06-2024