Foda-se tudo
Foda-se o mundo e o seu céu estrelado,
Foda-se o brilho falso que tanto é adorado,
Foda-se a virtude que esconde o pecado,
Foda-se o sonho que morre sufocado.
Foda-se a religião com seus deuses forjados,
Foda-se o altar onde os homens são julgados,
Foda-se a fé religiosa que cega e amordaça,
Fodam-se cada credo que à mentira abraça.
Foda-se o dinheiro que a todos seduz,
Foda-se a mentira que seu brilho produz,
Foda-se a ganância que ao homem corrói,
Foda-se a avareza que ao nosso ser destrói.
Foda-se o poder que corrompe e mata,
Foda-se a justiça que nunca é exata,
Foda-se a guerra que a paz destronou,
Foda-se o sangue que a terra maculou.
Foda-se o amor que virou outra mercadoria,
Foda-se a paixão vendida nas prateleiras frias,
Foda-se a beleza medida em quilos e cores,
Foda-se o desejo preso a hipócritas valores.
Foda-se o silêncio que consente a opressão,
Foda-se a voz que emudece a transformação,
Foda-se o medo que mantém as ilusórias ordem e a lei,
Foda-se o jogo de deus e do diabo que não outorguei.
Foda-se o tempo que rouba a juventude,
Foda-se o destino traçado em quietude,
Foda-se esta vida que passa e logo se vai,
Foda-se a morte que nunca, jamais nos trai.
Foda-se o governo e sua corrupção,
Foda-se o político e sua falsa solução,
Foda-se a polícia que abusa do poder,
Foda-se a lei que não sabe nos proteger.
Foda-se o próspero patrão e sua cristã exploração,
Fodam-se os deuses que assassinam sua criação,
Foda-se o marketing com sua aparência vaidosa,
Foda-se a modernidade e todas nações criminosas.
Foda-se a mídia que distorce a verdade,
Foda-se a propaganda com suas falsidades,
Foda-se o consumo hedonista e desenfreado,
Foda-se o luxo pelo qual temos tanto lutado.
Foda-se a moda que diz o que ouvir, ser, vestir;
Foda-se a glória de sempre ter que vencer e sorrir,
Foda-se a cultura que só segue novas tendências,
Fodam-se as artes e paixões sem sangue e essência.
Foda-se a escola que não ensina a pensar,
Foda-se o diploma que não te faz questionar,
Foda-se a ciência que se vende ao mercado,
Foda-se o nosso saber que é sempre limitado.
Foda-se o mundo e o seu céu estrelado,
Fodam-se as ilusões que temos divinizado,
Foda-se tudo que nos torna tolos e servil,
Foda-se a vida e morte e todo esse círculo vil.
Foda-se o existir, foda-se cada nascer e cada morrer tão plenos de absurdos,
Fodam-se os infernos, os paraísos, mundos, ideias, tudo... Foda-se tudo.