Emigrantes, perdidos e abandonados
Sem ter para onde ir
cansados, com as botas perfuradas
não machucam os pés, a memória
não querendo relembrar quem os trouxe até aqui
agora castigados, sem cidadania
sendo maltratados todo dia
querendo ficar de pé
não sabem como e nem quando durará a fé
voltar no tempo não dá
esperança de ver um futuro melhor
pensando ser este o melhor caminho
aventurar em outro lugar
mais tempo talvez sobreviverá
encontrarão muitos espinhos
com ousadia, malícia e bom coração, encontrarão
sem barricadas
nem explosões
mas, exaustos, com os filhos nos braços
até que o vento nos leve para onde Deus quiser.