pequena aurora
Sob o sol que se põe, tingindo de laranja as feridas do horizonte,
Minha gratidão, frêmito, enfrenta o crepúsculo da realidade.
Sua lembrança, uma chama inquieta no cadafalso da memória,
Grava-se em mim, um sussurro entre o ser e o seu e ser estarrecer...
Ela caminha, equilíbrio , sonho, austera e o chão que pisa,
Seus passos, uma dança que caminha desejosa, terra firme,
Olhos refletindo o céu vermelho declinante, a dor de saber a verdade,
Amada por aqueles que veem nela tanto a luz a carne se consumindo.
Sua pele, onde o sol descansa e a noite encontra abrigo,
Fala da vida - mas, pelo gestos, como a flor fala sua beleza,
À beira do crepúsculo, ela se banha não só em desejos, mas em realidades,
Olhando para trás, onde sonho e a ferida se comovem,
Ela gira, não apenas a manivela do ser, mas também a roda da vida,
O tecido do agora envolve-nos, promessa de um amanhã palpável,
E o calor nos une, sua beleza é uma vertigem no tempo, um rasgo
compartilhado com o desejo a lhe alimentar sua presença
Quem acende o mundo nas horas escuras? embora a palavra
diga, mas é a carne a saber se de uma boca e da língua a lhe decifrar,
Na penumbra, a realidade nos toca tanto quanto a esperança,
Estou com ela, e ela comigo, em um mundo que se inscreve em
nossa pele, que nos guarda pela vontade do fogo,
Ela se aproxima, respira - ribalta e crueza no mesmo espanto,
Seus braços, desejo, mas também partilha, já que luz é também escura,
Essa mulher, ninfa silêncio, mas escandalosa em meus olhos,
Me envolve, desejando, ela vendo pra se ver, decifrando para
que deixe ser enigma, e um canto a beira da noite tilinta uma pequena aurora