PRESTO
vítima de assombro,
eu, criança de cem anos,
homenzinho cheio de planos
com o peso da vida nos ombros.
sobrevivente nos escombros
da dolce vita que um dia julguei viver,
por ter acreditado que bastava nascer
e o ar faria todo o resto.
mas eis que veio o anoitecer e, presto,
o último bom segundo tombou diante da primeira hora ruim,
então pude ver quão obsoletas eram minhas asas de serafim
pois não eram plumas do céu, mas sim celofane e papel.