Amanhã

Nos entornos da face do caminho

o passo sorve mundos estreitos

as pedras abrem notas na tez do vício

o medo vira cinzas

na passarela da escuridão

A palavra cega

que incinera paralelepípedos

abre rosas na fluidez da luz

dos olhos negros

anda nas aldeias dos sons

das colinas de marfim

come o fuso das horas pálidas

amordaça o beijo que a faz calar

O inverno árido inocente veloz

acende o pavio dos sons frios

do poema do amanhã

contemplo a linha da luz fina

do vento sul

atraio da língua o que aquece

morro na eternidade oculta da inocência

que mora no amanhã...