218-O SILÊNCIO DE HENRIQUETA LISBOA
218-O SILÊNCIO DE HENRIQUETA LISBOA
Poema de Sílvia Araújo Motta
O SILÊNCIO de Henriqueta Lisboa
transcende a natureza humana
pelo amor, oração, fé e caridade
nas luzes que sua vida emana.
Vai em busca da VERDADE,
para chegar às altas esferas,
à morada da eternidade.
Transparece na infinita gratuidade
de Deus Pai do Amor à espera
da almejada entrevista real.
Com pulsação uníssona
plena de sua terrena lealdade
com braçadas de esperança,
transpõe as próprias dificuldades.
Para o consciente ofertório vital,
com nuvens em recesso,
sem o rumor dos insetos,
sem os sons das plantas a crescer,
sem a gotícula a escorrer na pétala,
caminha no tempo,
em paz, na serenidade
do abandono do corpo,
no desejo divinal expresso.
No prenúncio dos firmes passos,
conta seu tempo de entregar
ornado o altar de sua vida.
A última raiz do coração
encaminha o fulgir do sangue
para fazer ao Criador
a sua eterna oblação.
BELO HORIZONTE, 18 DE JUNHO DE 2004.