Poema, ou poesia livre, ou qualquer coisa que o valha
Sempre carreguei, e carrego, uma solidão que não me apavora.
Os beijos, repletos de amores, não me furtam dela.
Os amigos, com seus rostos e olhares, não a espantam.
Tenho-a como única e fiel companheira: estagiária célebre da vida, aluna perpétua da morte.
Eu não a vejo, nem ela me vê, pois não existe.
Ninguém a vê, mas quem me lê ou escuta, sabe que existe,
pois eu o digo.
O que existe no mundo além de mim?
O que é que existe além de sensações e pensamentos?
Quais sensações existem que não sejam prazer ou desprazer?
Estou só; estamos sós, no máximo com estes dois.
Até o outro não passa de uma sensação e uma ideia que não alcanço nunca.
E se o outro existe, sou para ele apenas sensação, e nunca me alcança
E por isso, estou só