DO PARTO

DO PARTO

É minha, a hora; e de mais ninguém.

Mesmo tendo, pelo mais amado bem,

a faminta saudade; que me devora;

nada coloca dor nessa sensação;

e como em paz dessa intuição

sobre o bom tempo de já ir embora.

Não sinto as âncoras ou as algemas

dos velhos apegos, que eram esquemas...

armadilhas psicológicas vãs.

O que me tem, agora, é um não ter;

que me fez rico no ouro do perder...

nas lágrimas, o das riquezas mais sãs.

A nudez de planos, veste-me a paz;

num nada pensar que, neutro, tudo faz;

e que, já feito, não sabe como fez.

E nessa atitude do fazer nada,

como se já estivesse consumada,

a morte é revivida outra vez.

Torre Três ( R P )

11_06_24

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 11/06/2024
Código do texto: T8083296
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