AMORES ANTIGOS

Sempre o delírio da eternidade instantânea,

essa fixação dos doidos e senhoras entediadas,

que bordando suas flores feias, desanimadas,

violam a brancura do tecido da santa mortalha.

Esse ultraje delirante por não poder-se dopado,

dado em rascunho de artes já há muito solucionadas,

é úlcera incômoda a perturbar o juízo dos velhos,

que melhor estariam a não tornarem-se anedotas.

O estado da natureza em sua sábia indiferença,

certamente faz da jocosa modéstia dos ilibados,

ervas daninhas sobre o mármore do decoro,

pouco se importanto com o legado do saudosismo.

Talvez esteja a sabedoria no silêncio do recato,

ou no saber que o tempo a tudo mata e afronta.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 10/06/2024
Código do texto: T8083102
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