AMORES ANTIGOS
Sempre o delírio da eternidade instantânea,
essa fixação dos doidos e senhoras entediadas,
que bordando suas flores feias, desanimadas,
violam a brancura do tecido da santa mortalha.
Esse ultraje delirante por não poder-se dopado,
dado em rascunho de artes já há muito solucionadas,
é úlcera incômoda a perturbar o juízo dos velhos,
que melhor estariam a não tornarem-se anedotas.
O estado da natureza em sua sábia indiferença,
certamente faz da jocosa modéstia dos ilibados,
ervas daninhas sobre o mármore do decoro,
pouco se importanto com o legado do saudosismo.
Talvez esteja a sabedoria no silêncio do recato,
ou no saber que o tempo a tudo mata e afronta.