Cinco quilos de força
Pelo eriçado, focinho arrebitado,
O corpo uma tocha ao vento
Seu oponente não era mau, é verdade
Coisinha arrogantemente bípede, outrora em quatro patas
Cabeça latejante no lugar
Os pés se ajustam, bronze malcuidado
Em setenta quilos de pura força
A Terra, mãe sábia, tudo lhe deve
Caminha bruxuleante sob a lua acanhada
O pequeno viajante, revestido pelo manto cinza
Que a noite cíclica lhe deu
Se move, rápido no pensar, feroz no fazer
A fina cauda, leme natural dos ratos, é milagre da terrena criação
Segue-se a sequência: gritos e pulos
O martelo que cai, sólido como o crânio que atinge
Despenca também aquele, o homem que a natureza engolfou ainda piedosa
Despenca, imóvel, perante cinco quilos de pura força