(Re)Leituras de Tabacaria II
O que vou sonhar
Em meu peito hipotético?
O que ainda hei de olhar
Da janela de meu quarto hermético?
Sempre um verso
defronte de outro verso.
E o dormir e o acordar
repetidos até à náusea.
O que vou sonhar,
Para além de tudo já sonhado?
Olhei-me no espelho aos 20 anos
e quando virei o rosto,
ele estava mudado.
Agora é face do tempo exposto.
Agora é tempo no ontem conjugado.
Ah, e o sonhar?
Ainda teima!
E o querer?
Ainda pulsa!
Como um rio que nasceu para correr.
E um navio, cujo fim é navegar.