no nosso ventre

No nosso ventre, o escuro flui

Entre raios da luz sangrenta.

Da copa da árvore escapa,

De sua folhagem, um enigma assombroso.

O vento frio saboreia a atmosfera,

Onde o escuro é seu devaneio mais discreto.

Andamos, ainda que o coração não se distraia,

Na imensidão do pequeno espaço.

Os mortos não estão ali,

Mas a lembrança que os torna

É o vulto que nos cala o presente.

Somos órfãos, a precisar do abismo

Onde descansa nossa queda inflada.

A brasa natimorta suprime

A água sacra que nos enforma de esperança.

O tempo se paralisa.

Estamos vivos e, extremos,

Somos extensos em nosso ventre.