MEDIANO

O disfarce que se propõe astuto,

envernizando o mesmo gasto lamento,

não se sustenta na mínima dignidade,

ocultando em flores velhas os amores feios.

Farrapos desiteressantes de falas antigas,

postas em rimas desbotadas de fadiga,

exploradas que foram ao limite do ultraje.

Mesmas valsas, cólicas, mesmas elegias,

onde não cabem mais estéreis filhos do tédio,

com famintos dentes crispados de ira.

Reze para que o sono lhe seja de morte,

ou que os amores lhe sejam dilacerantes.

Que a vida lhe seja mais que monotonia

e as flores algo melhor que para a hipocrisia.

Melhore o que lhe acomete com repulsa,

cale-se até que a fala se torne sangria.

Escrevo em honra das toneladas de flores idas,

pra que de apenas uma se fizesse bela escrita.

Em honra das vidas acinzentadas da burocracia,

com suAs flácidas adulações do poema do dia.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 06/06/2024
Reeditado em 08/06/2024
Código do texto: T8080122
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