NADA

JB Xavier

 

Somos os grandes cenários de um teatro vazio

Em imponência e em fragilidade...

E somos as próprias peças, em autenticidade.

Quem disse que o rugir dos leões demonstra ferocidade?

 

Somos as flores do campo,

Complexas em sua simplicidade.

Quem disse que o perfume do vento não deixa saudade?

Somos as águas da foz, corrompidas em sua pureza.

Somos a fonte que surge límpida na natureza.

 

Somos a brisa que passa rápida, sem se deter.

Somos o pólen que flutua em seu poder.

Somos o sonho da noite, que no dia seguinte se esquece.

Quem disse que o amor não é uma forma de prece?

 

Somos o olhar da criança, puro e inocente.

Somos o adulto que somos: incoerentes.

Somos a fagulha cintilante que brilha incandescente:

Por um instante são sóis,

Mas se apagam de repente.

 

Somos a realidade - clara e incontestável,

E somos a insanidade - vacilante e imponderável.

 

Somos a trilha antiga que um dia já foi estrada.

Somos fumaça ao vento...

Somos nada!

 

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 05/06/2024
Reeditado em 05/06/2024
Código do texto: T8079453
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