céu de delícias

Que o sol já não acenda a essa hora,

Converto-me em tua lâmpada mais esplêndida,

Em meu artificio mais violento

Converso com a azeite que me dará claridade

Em que será espaço e vertigem,

Onde as coisas desaparecidas se mostra

uma boca encantada que ainda respira.

Saber que te amo é delírio de uma noite

Que não morre, embora a tenha como

Um corte em minha memória e teu sangue

É o lago onde me afogo antes de decifrar

O vácuo que de tua lassidão herdei,

Amor! nada mais me alegrava que teu

Ventre vivo a ser a vida que em ti respirava,

A tua respiração viva e quente como se

Tivesse enraizada no mistério mais abrasado.

Assombrado, leio lentamente teu nome

Nesse caderno antigo, na outra página eu

Dizendo: te amo... ainda que fosse mentira

Era a verdade que me ascendia à copa das árvores,

Onde, acima, o céu azul daquele verão me cobria de delicias.