COMO AQUELE SOFÁ VELHO QUE A GENTE NÃO TROCA
Ah, minha flor do milharal, deixa eu te contar um causo,
Nosso amor é mais antigo que o pé de feijão no roçado.
É como aquela fogueira de São João, que todo ano se acende,
E a gente fica ali, olhando as chamas dançando, contente.
É como aquele sofá velho que a gente não troca,
Porque cada vez que a gente se senta, ele parece mais fofo.
Teu sorriso, menina, é mais brilhante que a lua cheia,
Ilumina a noite escura, como lamparina na venda,
Desde que te vi, com esse sorriso largo e sincero,
Meu coração ficou pulando igual sapo na beira do riacho.
Nosso amor é coisa de outras vidas, de tempos passados,
Nasceu antes da gente, como a galinha que põe ovos chocados.
Foi Deus, lá do céu, que tramou essa história bonita,
E nos deu de presente essa paixão, mais doce que rapadura.
Você é minha estrela guia, brilhando lá no céu de São Pedro,
Um anjo que posso ver e tocar, sem precisar de binóculo.
Nunca me deixou na mão, sempre esteve ao meu lado,
E eu te quero mais que a pipoca na panela, estourando animada.
Você é meu bem querer, meu sonho de pé de milho,
A metade da minha laranja, a outra parte do arroz com feijão.
Sem você, eu sou só um pedaço de pamonha sem recheio,
Então fica aqui, pertinho de mim, que eu te dou meu coração.