EU TE DÔ MEU CORAÇÃO

Ah, minha flô do milharal, deixa eu te cuntá um causo,

Nosso amô é mais antigu que u pé de feijão nu ruçado.

É cuma aquela fugueira de São João, que todu anu se acendi,

E nois fica ali, zoiando ais chama dançano, cuntente.

É cuma aqueli sofazim véio que nois num troca,

Pur causo di que cada veiz que noiz se senta, ele pareci mais fofu.

Teu surriso, minina, é mais brilhante que a lua cheia,

Iluminadu a noite escura, comu lampiarina na venda,

Desdi que ti vi, com essi surriso largu e sinceru,

Meu coraçãozinho ficou pulano igual sapu na beira do riachu.

Nossu amô é coisa de outras vida, de tempus passadus,

Nascido antis de nois, comu ais galinha que põe us ôvu chocado.

Foi Deus, lá do céu, que tramô essa istória bonita,

E deu de presente pra nois essa paixão, mais doce que rapadura.

Ocê é minha estrela guia, brilhandu lá nu céu de São Pedro,

Um anju que possu vê e tocá, sem precisá de binóculu.

Nunca me deixou na mão, sempre esteve ao meu ladu,

E eu te queru mais que a pipoca na panela, estouranu animada.

Ocê é meu bem querê, meu sonhu de pé de milho,

A metade da minha laranja, a outra parte do arroiz com feijão.

Sem ocê, eu sou só um pedaçu de pamonha sem recheio,

Então fica aqui, pertim de eu, que eu te dô meu coração.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 05/06/2024
Código do texto: T8078725
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