Deitado, coberto, encolhido

Deitado, coberto, encolhido,

ainda de calça, camisa, sapatos...

O corpo fraco, esmorecido

pelo cansaço sádico e infeliz

por motivos inexatos

que a alma, sem causa, insistiu

em perseguir. E, ali, no canto,

o sonho já sem força partiu,

num suspiro breve, no entanto,

o dia seguiu seu curso torto,

sem piedade ou arrependimento.

E eu, neste corpo quase morto,

sou apenas sombra e pensamento,

memória vaga de um instante,

silhueta num espelho partido,

reflexo de um querer distante,

deitado, coberto, encolhido.

Alexandre Toledo
Enviado por Alexandre Toledo em 03/06/2024
Código do texto: T8077870
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.