Deitado, coberto, encolhido
Deitado, coberto, encolhido,
ainda de calça, camisa, sapatos...
O corpo fraco, esmorecido
pelo cansaço sádico e infeliz
por motivos inexatos
que a alma, sem causa, insistiu
em perseguir. E, ali, no canto,
o sonho já sem força partiu,
num suspiro breve, no entanto,
o dia seguiu seu curso torto,
sem piedade ou arrependimento.
E eu, neste corpo quase morto,
sou apenas sombra e pensamento,
memória vaga de um instante,
silhueta num espelho partido,
reflexo de um querer distante,
deitado, coberto, encolhido.