SAUDADE EM PRETO E BRANCO

Tenho vontade de assistir filme dublado.

Andar na terra molhada.

Comer pipoca feita na panela

e a fatia de bolo

que estava reservada na geladeira.

Não me preocupar com a marca das roupas que usava.

Uma camisa qualquer

para encontrar qualquer pessoa.

Não ter vergonha de falar alto,

Falar sobre tudo

sem saber de nada.

Dos pés tortos

que vagavam

por tortuosos caminhos.

Olhar pela janela

e não ver paisagem nenhuma.

A rua

me esperava depois do domingo.

Fumar um cigarro olhando o mar.

(o mar era um pôster na parede do meu quarto)

Sentir o vento arejar o carro.

Beijar bocas sem nome,

Sentir-se o Fred Astaire

sob as luzes estroboscópicas.

Aos domingos

Ouvir

e repetir

as mesmas histórias.

Queria que minha saudade

fosse apenas uma forma antiquada

de pronunciar a palavra amor.

MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE
Enviado por MARIO SERGIO SOUZA ANDRADE em 02/06/2024
Código do texto: T8077164
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