oito e 25
tinha um cheiro doce, velho e de lenços umedecidos
cheiro de coisas que nem são mais
a luz branca, quase opaca
luz de manhã que acorda a gente sem perguntar se pode
e era eu quem estava lá
mas só chamava o nome do meu irmão
que também era o meu nome quando eu era o outro
então eu era o outro porque ele me chamava
o nome foi ficando curto, baixo
baixo e baixo
até que o nome virou soluço
e o soluço virou suspiro e o suspiro virou sílaba
puxava um ar que nem ia usar mais
e também puxava o nome do meu irmão
que também era meu
a gente vivia choro de dor e de alívio
e ainda era oito e 25