Palavras de uma rosa

Reluzindo em ouro, no bálsamo que te cobre

As profundezas abraçando docemente suas pernas

Queimadas de sol, regurgitadas pela Terra

Voltando ao teu princípio de labaredas

Oscilantes, contínuas

Desembaraço as heras de seu nome

És mármore agora, arraigado em meus joelhos

Talvez eu parasite em você

Rastejando sob tua pele

Devorando a lembrança tola

De tuas mãos, teus olhos

Que tão arduamente construí

Ponta a ponta, todo centímetro e milímetro

Inacabáveis, diamantes brutos em meus braços

Sempre transmutando obscuras

Nos rios que vêm em mim

E em ti, me torno correnteza

A água salobra que te eleva

Quiçá também se regozija em mim

Toco a barra de teu vestido

Única coisa que o tempo me permite sentir de tua solidão

Cinza, fosca, perdida às visões alheias

O rosto que se mantém disperso, ainda

Enevoando o céu em que habito, duplo

É cinza como o teu

Temos algo em comum