Era uma vez...

Era uma vez um poeta

Que escrevia a lápis

Feliz, o grafite se deixava gastar

E o lápis se permitia apontar

Pelas mãos pantaneiras

O poeta aguçava a ponta e riscava o chão

Cantava pedras, insetos, inutensílios

Dizia das desimportâncias. Importante

Aos olhos de quem reconhecia o tesouro da formiga

Fazendo nascentes e manhãs

Imprescindível na visão

De quem entendia o dialeto das águas

Das árvores, dos sapos, enfim, de tudo

Que não se mede nem se vende.

Era uma vez um poeta de terra,

Das terras do seu quintal maior que o mundo

Era uma vez, eternamente, Manoel de Barros.

Luiz Fraga
Enviado por Luiz Fraga em 01/06/2024
Reeditado em 01/06/2024
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