o tempo não passa pelo peito
Esse tempo não passa pelo peito,
Range as escoras, as gangorras e o carrossel
Dolorido, a carruagem sem roda a influenciar
A estrada e nossas mulheres a chorar nas guelras
Das horas, o horror estampado no silêncio do
Peixe que no escombro suplica qualquer verdade,
Mesmo, sim, a desmembrada história que nunca
Acaba, choro, a noite inteira deita sobre mim com
Seu calor sufocante, ácido a pulsar no quarto escuro,
De janela fechada e o fantasma me olhando, nenhuma
Palavra, só o vulto do vulcão já concretizado, o machado,
O rosto desvelado de uma vida a nos sugar para suas
Entranhas, não choro, só a membrana fina e transparente
E nos segurar de algum repente, de uma noite mais assombrada
Que essa, ou mais transloucada que aquela, e teu reino e o meu reino
No mesmo solo, nos desafiamos na infelicidade, nada sobra, sequer sangue a descer e pingar
No chão limpo preparado para um futuro que está sempre a nos deixar, e tua memória
É a mesma, assim como a minha, somos danados, nadamos no nada, às vezes no mar,
Um pequeno engano a nos soprar para fora do redemoinho, a lança no peito, o esforço ingrato,
O medo, o sereno, as diversas foices a fragmentar o que já foi cortado, não ouço e meus
Dedos dos pés estão desalmados, parto para não ir, amo sem amar, dou sem dar,
Amaldiçoada foi a hora que essa estrada me soprou no ouvido, eu não sabia, ninguém sabia
Do olor dos andares mais subalternos.