AGRIDOCE

Manhãs de asas circulares, vejo

cirandando minhas instâncias

e instantes de outrora;

revoando meus pés de amora,

pousando em quintais não meus

e voltando, no azulejar das horas,

para o que não é seu.

Asas fugidias aquecidas ao Sol

Penas luzidias encandeando o farol

Penas plenas, serenas, morenas...

Penas que se espalham ao vento

Em canções e lamentos... soluçados, lamacentos,

Calados... balbuciados e açoitados ao Tempo.

Ao relento deixo-me ser pensamento,

momento...

passado infinito a cintilar no firmamento.

Firme, na memória do esquecimento.

Um rastro de flor, um rabisco de arte

um lapis de cor matizando a tarde;

E o agridoce sabor das amoras

arroxeando a saudade.

DV

05/ 2024

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DULCE VALVERDE
Enviado por DULCE VALVERDE em 31/05/2024
Reeditado em 06/06/2024
Código do texto: T8075295
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