VÍNCULOS

Viver é saber

de algumas poucas pessoas

que me frequentam,

que me viram crescer, envelhecer

e que, talvez, eu veja morrer.

Tais pessoas me importam tanto

que são partem de quem eu sou.

Mesmo que eu seja ninguém

e minha existência menos que nada.

Não imagino um mundo onde estas pessoas não existam,

onde eu precise saber quem eu sou

além do número do documento de identidade

e da ilusão coletiva da sociabilidade.

A melhor parte de mim

sempre será aquela

que vive nos outros

que intimamente me frequentam e habitam em comunhão e conflito.