Olhe no fundo dos meus olhos
Olhe no fundo dos meus olhos
e procure lá um pouco de mim.
Talvez você descubra
que tenho alma de criança...
Olhe e você verá bem lá no fundo,
um sorriso que me move a ser quem sou,
uma alegria que vem de outra vida,
gente que amo,
gente que amei,
os que morreram,
os que se foram
e os que ainda andam comigo.
Ouço Casimiro a me dizer
nascemos no mesmo dia,
Drummond falando em experimentar,
Augusto a me dizer da morte,
Machado a incentivar,
Billac a dar lições de amor...
Olhe no fundo dos meus olhos
e descubra que, talvez,
eu te ame como Florbela.
Olhe no fundo dos meus olhos
e descubra...
Palavras a te mostrar, sou poeta!
Irmão das coisas
perdidas, me acode Cecília.
Olhe no fundo dos meus olhos.
Tome cá, pegue esta bandeja!
Coloquei sobre ela minha alma,
dou-a a você e só lhe peço
que a guarde com você
por onde for!