MONÓLOGO

Fiel mesmo a mim é minha sombra,

Tantos anos de constante presença,

Crença da minha crença,

Criança da minha luz.

Com quem divido a cruz

Da solidão entre os homens,

Uns, tão urgentes e jovens,

E outros que apenas esperam o chão.

Onde ponho meu coração,

Entre os que atropelam e pisam

Ou entre os indiferentes, que avisam,

Que para ele não há lugar?

O mundo não está para estar!

Pois, se entre cegos há mudos,

Entre coxos há surdos

E também os doentes da alma

Que, com toda classe e calma,

Se isolam em seus pequenos castelos,

Para esmagar, com preciosos martelos,

Aqueles que vêem como ratos

Mesmo que sejam gatos

Como eles

Como foram os pais deles

E os antigos.