BORBOLETA
Sem nenhum ruído,
na ponta dos pés,
sopra em meu ouvido:
-Sou a Morte, quem és?
Num instante respondo:
-Eu sou quem procuras,
de ti não me escondo
em ruas escuras.
Contente, me diz:
-Enfim, te encontrei!
Respondo, feliz:
-Tanto te esperei!
Achou-me atrevida,
zangou-se, foi embora,
avisou na saída:
-Eu volto outra hora!
Morte incompetente,
deixou-me sozinha,
partiu de repente,
será sorte minha?
Fascina-me a morte,
de negro vestida,
rodada de sorte
no jogo da vida.
Encanta-me a vida,
em russa roleta,
de asa colorida,
feliz borboleta!