Complexo de Zeca Diabo
Eric do Vale
Misto de mito com o meio real,
Alguém incapaz de fazer o mal
A quem quer que seja, ansiando
Viver em paz em uma sociedade
Tão corrompida pela qual terminou
Deixando-se corromper, vindo a ser
Apenas mais uma vítima social.
Rodeado pelo seu passado,
Busca, no tempo presente,
Mostrar-se sempre como regenerado,
Ainda que existam situações
Em que o passado bata
A sua porta em meio às injustiças,
Cogitando-se fazer justiça
Com as próprias mãos.
A ficção está sempre de mãos
Dadas com a realidade, razão
Pela qual a vida, sempre, termina
Por imitar a arte e não é para
Tanto que tal personagem
Ficou imortalizado por Lima Duarte.
Interminavelmente, se vê,
Demasiadamente, nascerem
Vários Zés Tranquilinos,
Ingênuos e sem instrução,
Levados a cometerem
Atrocidades em razão
Das maldades alheias
Cometidas por essa sociedade
Que, posteriormente, viriam
A condená-los, depois de subjugá-los.
Volta e meia, deparamos
Com esse tipo de cidadão
Que apesar de se apresentar
Como alguém regenerado
E de querer se apresentar
Como alguém virtuoso
Continuamos a enxergá-lo
Como horroroso e, por isso,
Terminamos por condená-lo,
Em virtude do seu passaado nebuloso.