Um instante?

São 15:16

Marca então os ponteiros

Em formas romanas, dourados e esculhambados

É o naufrágio da existência pura

Sobrepondo todos os acontecimentos

Não possuem ainda textura

E nenhum tipo de movimento

Negativo ou positivo

Rótulo ou dispositivo

É o suco dos segundos existenciais

Emaranhando meu corpo

Sem nada a dizer ou nada poder.

Nem viva essa poesia seria tão concreta

ao nível do real

A luz invadindo a cozinha e a única que se mexe é a mosca

Acredito então que ela seja a imortal

Quanto mais tento apalpa-la com as mãos

Foge de mim e investe em uma nova estratégia

Se esconde em baixo da pia (que é um espaço com aresta)

Enfim

O mundo se rasteja na frente dos meus olhos

O mundo se recusa a ter sentido, então se esconde em meus cadernos e o deixo revestido.

Gabriel Régis feijão
Enviado por Gabriel Régis feijão em 26/05/2024
Código do texto: T8072046
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