Um instante?
São 15:16
Marca então os ponteiros
Em formas romanas, dourados e esculhambados
É o naufrágio da existência pura
Sobrepondo todos os acontecimentos
Não possuem ainda textura
E nenhum tipo de movimento
Negativo ou positivo
Rótulo ou dispositivo
É o suco dos segundos existenciais
Emaranhando meu corpo
Sem nada a dizer ou nada poder.
Nem viva essa poesia seria tão concreta
ao nível do real
A luz invadindo a cozinha e a única que se mexe é a mosca
Acredito então que ela seja a imortal
Quanto mais tento apalpa-la com as mãos
Foge de mim e investe em uma nova estratégia
Se esconde em baixo da pia (que é um espaço com aresta)
Enfim
O mundo se rasteja na frente dos meus olhos
O mundo se recusa a ter sentido, então se esconde em meus cadernos e o deixo revestido.