O Gol Mais Lindo Que Já Vi
México, estádio Azteca, 1986,
Na Copa do Mundo
A pelota era bem cuidada
No pé de Maradona, em transe
No meio-campo, a fotografia
De um gol que o mundo veria
E expôs as tensões entre a criatividade
Latina e o imperialismo nojento dos europeus.
Um giro, e ele parte
Como se o campo fosse seu lar,
Os ingleses, perplexos, xingando,
Diego dribla um, depois dois,
A bola, fiel, segue pregada nos pés.
Sua perna esquerda é rápida,
O terceiro zagueiro cai vencido,
Perplexo com a genialidade
Do jogador argentino.
Um quarto inglês, atônito,
Maradona não para, avança,
Corta, segue, um tango solitário,
Che Guevara avançando pra cima de
Adam Smith, a glória lhe aguarda.
Aos vinte e cinco metros, último homem,
O goleiro Shilton, guardião desesperado,
Dieguito em toque sutil, a esquiva
E o goleiro tomba, vencido aos pés do
Gênio das quatro linhas.
A rede estremece, alegria em Buenos Aires.
E o mundo testemunha um gol
Que virou obra de arte.