Poema de maio

                   " A sorte de nada serve, se tivermos medo."

 

Agora

um pouco de frio outonal.

 

Há quatro ruélias azuis no pé,

por breve tempo.

Provisórias, efêmeras...

 

Pássaros , costumeiros no quintal,

ausentes desde dezembro passado.

De quando em quando,

um sabiá solitário,

um bem-te-vi,

perdidos na canícula atípica para a estação,

estão vindo

em busca de água,na fonte do jardim.

 

Cortaram-se dezenas de árvores

do canteiro central da avenida.

No lugar,

concreto e asfalto...

 

Ontem,choveu um pouco.

Hoje, a garoa fria,

que cai sobre a cidade,

lembra um pouco a São Paulo antiga.

 

Convém escrever,

para expurgar o desalento.

 

A roda da vida segue

em busca de novos caminhos.