Poema da Terra

Estava eu, nas órbitas do sol

Quando senti tua presença atritante

Era você, na superfície da minha atmosfera

Uma poeira cósmica, aerosol.

Não se aprece para o eclipse

Guarde-me como seu novo lar

Nas órbitas da tua elipse

Eu espero pelo luar.

No teu suspiro climático

Me encontro como um temporal

Efêmero e contínuo, meio temático

Me protejo sob teus campos magnéticos.

No teu corpo, sou a fome

No teu sopro, sou o vento

No teu sonho, sou elemento

Mas sempre refém do Homem.

Nos teus campos de guerra

Nos teus campos de terra

Luto por um pedaço do céu

Que no momento esteve ao léu.

No chão de dores uivantes

Nos mares de sensibilidade

No teto da hipocrisia coletiva

Não há o que me cativa.