A CORTINA DO CÉTICO

A vida me consome!

Sou agnóstico a cada raiar.

Com a luz de todo dia

a vida me contamina

do matutino ao vespertino

e o amor vem me entediar.

Você não sabe que

compulsão vira êxtase

e do êxtase nasce paixão?!

Você não sabe o que eu escrevo.

Não lê meu coração!

Não pode.

Mas, se pudesse, lhe venderia

as escritas do meu órgão.

Alienaria essa mão

que duvida do seu valor

de seu próprio amor?!

E a mim não careceria

mais viver em vão.

Por trás da cortina,

um cético habita

o banco solitário.

Não mais admira

não mais contempla

vive sem sonhar

Pensa, às vezes, em quem o contesta...

- nega a essência -

e no amigo que o detesta

e na mulher que ama

na donzela, que a ela

poesias declama!

E nas palavras que não encontra

no mundo antes sonhado

que não existe.

Dos surtos, a inspiração

que não o procura...

Recorda-se dos vestígios

de uma música

do princípio de sua loucura

Do tempo que o deserta

de um olhar que a musa lhe flerta

de uma década

de outras realidades

de noites que lhe deixaram saudades

Do beijo pungente

da dama mais linda

de seu drama dormente

que a vida lhe furtou

E o asco finda,

aos poucos,

o que o peito juntou!

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 24/05/2024
Reeditado em 24/05/2024
Código do texto: T8070430
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