Meu escrito: página IV

Querido diário,

ontem não te escrevi palavra alguma,

visto que nada extraordinário aconteceu.

O céu não encobriu,

não choveu.

Vi as mesmas árvores, flores,

ruas, casas, calçadas,

pessoas, falações, gritarias,

enfim, a mesma urbe.

E hoje?

Realizei, dentro de casa, um tanto a mais

do que costumo executar.

Quando minha mãe está em casa,

meu costume é catalogar sem categorizar

as lidas monótonas, que ebulem mais para ela

do que para mim.

E hoje ela não padeceu; escapou.

Isto posto, os labores ordinários fervilharam

estrita e rigorosamente para mim.

Desse modo, ela encontrou tudo amanhado.

Ao exercer

o que meu xodó costuma operar,

constatei, em minha carcaça viva,

a moedeira, que ela sofre.

Não obstante, esta moedeira não é a lassidão,

que ela vem sustendo em seus anos de labuta.

Danilo Mascarenhas Bittencourt
Enviado por Danilo Mascarenhas Bittencourt em 21/05/2024
Reeditado em 23/05/2024
Código do texto: T8068387
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