Meu escrito: página IV
Querido diário,
ontem não te escrevi palavra alguma,
visto que nada extraordinário aconteceu.
O céu não encobriu,
não choveu.
Vi as mesmas árvores, flores,
ruas, casas, calçadas,
pessoas, falações, gritarias,
enfim, a mesma urbe.
E hoje?
Realizei, dentro de casa, um tanto a mais
do que costumo executar.
Quando minha mãe está em casa,
meu costume é catalogar sem categorizar
as lidas monótonas, que ebulem mais para ela
do que para mim.
E hoje ela não padeceu; escapou.
Isto posto, os labores ordinários fervilharam
estrita e rigorosamente para mim.
Desse modo, ela encontrou tudo amanhado.
Ao exercer
o que meu xodó costuma operar,
constatei, em minha carcaça viva,
a moedeira, que ela sofre.
Não obstante, esta moedeira não é a lassidão,
que ela vem sustendo em seus anos de labuta.