A CHAMA DO AMOR ETERNO
Um dia, ouvimos falar na chama do amor Eterno.
E, desejamos também como tantos outros...
Porém, teríamos que alcançar a gruta
Onde a tocha se encontrava guardada.
Começamos a caminhar lado a lado,
Em silêncio. Com passos cautelosos
E medidos. Com um leve sussurro nos lábios
Enfrentamos os leões famintos
Atravessamos as águas dos rios bem devagar,
Pisando mansamente, sem rumores...
Os peixes coloridos andavam nas águas
Límpidas. As flores cobriam o chão e as aves
Voavam baixo, quase pousando em nossos ombros.
E cantavam alegremente em meio a tantas
Belezas, onde pairava uma irresistível magia...
Seguimos em silêncio, mas, com determinação.
Vencemos o cansaço dos dias e das noites
E, finalmente, eis a gruta de cristal
Brilhando ao sol como uma imensa
Pedra preciosa, toda revestida de espelhos...
Corremos até ela e vimos nossos rostos
Refletidos. Ao invés, de uma tocha gigante,
Havia a tênue chama de uma lamparina.
Entreolhamo-nos surpresos. Então, a chama
Do amor Eterno era apenas um pequeno olho
De luz alimentado a óleo que poderia
Apagar-se a qualquer momento?
Abraçamo-nos ante a pequena chama
Todo ambiente da gruta fez-se impregnado
De uma profunda ternura. Compreendemos, enfim,
Que o amor não era mais que frágil luz de lamparina.
Queimaria para sempre, sem no entanto, esquecer
De colocar o óleo sem falhar todos os dias, todos os dias...