Tudo que fora perdido

Não tendo mais água,

Matei a sede com minhas lágrimas

Bebendo gota por gota desta mágoa,

Do animo perdido por estas lástimas...

~

Não tendo mais as tintas,

Escrevi com meu sangue essa memória

E em formalidades distintas,

Que escrevi em versos, uma parte de nossa história...

~

Não tendo mais coragem,

Sacrifiquei o meu medo numa pedra gólgota

Pois quando chovias, esperei pela estiagem,

E na sua casa, esperei que abrisse a porta...

~

Não tendo mais nenhuma munição,

Esperei então, que a guerra acabasse

Deitado sobre os destroços de um coração,

E esperando que em misericórdia tu falasses...

~

Não tendo mais os meus segredos,

Falei como continuidade de um vento

Gritando impropérios à falange destes aedos,

Que faziam versos nas escadarias do nosso templo...

~

Não tendo mais nem a minha vergonha,

Despi-me à frente de um espelho de cristal

Reflexo meu, imagem tua! Bela ou medonha?

O que nos separa entre o bem e o mal?

~

Não tendo mais a minha vida,

Deixei de acreditar num futuro

E revi meu passado de partida,

Equilibrando-se em cima de um muro...

~

Não tendo mais você amor,

Fechei-me no meu mundo, e não pude ver

Que até o meu colorido, foi perdendo a cor,

Pois sem você, também deixei de viver...

Marco Ramos
Enviado por Marco Ramos em 07/01/2008
Código do texto: T806776