FALANDO COM AS ROSAS...

A minha solidão é quase perfeita...

Observo um jarro de flores

sobre a mesa da sala de estar.

Estão ávidas – umas sobre as outras.

Quase perfeitas na sua mudez

tranquilas e imobilizadas

como eu estou – diante delas

diante da vida que me reserva...

As rosas olham-me com grande piedade

e aceitam – meu último pedido de perdão

que já vinha misturado a altivez

de uma solidão já quase perfeita...

Não pude impedir o alivio que senti.

As rosas – com sua modéstia de flor

Eu – sem uma palavra sequer a dizer...

Fazia o possível para não me tornar

luminosa, inalcançável, superior...

Voltei a minha insignificância...

Com reconhecimento. Cheia de curiosidade,

esquecida da própria submissão.

Com um vago desprezo pela rudeza natural

da humanidade. De tudo que despertara

em mim. Senti um carinho perplexo

pelas rosas que dominavam meu espaço

e me vesti de branco obedecendo ao tempo...

Com timidez e respeito – sentei-me

no sofá sem apoiar as costas.

Alerta e tranquila – como um trem que já partiu...

Há quanto tempo eu não fazia isso?

Oliveira Vilma
Enviado por Oliveira Vilma em 19/05/2024
Código do texto: T8066750
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