TEATRO VAZIO
Voltei
Depois que o público foi embora,
Que as cortinas foram cerradas,
As luzes apagadas
E o silêncio ecoava no lugar...
As almas que ali eu representei
Passeavam pelo palco
Como espectros de Dante
Em seu infernal esquecimento...
E me olhavam caladas
Esperando a última palavra:
"__Quebre a perna! Quebre a perna!
Parta-te em mil pedaços! Torna-te um vitral humano!
Represente-me!"
Ahhh, espectros desolados e perdidos
Nesse imenso palco da vida!
O meu sucesso não será em vão.
Será por ti, meu irmão, minha irmã!
Meus pais, tios e avós!
Meus calungas e parentes!
Desconhecidos ancestrais!...
Que na última, cena morreram sem drama... E sem esperança.
Que sangraram suas vidas embevecendo o chão,
Sem porque e nenhuma explicação.
As cortinas se fecharam
E os espectadores que riram e disseram "Bem feito!" se foram.
E o crime perfeito fechou o climax da tua história.
E quem te ama, não levou o resultado da bilheteria.
Nem teve tempo de conhecer tua glória...
No espaço do teatro vazio
Visto tua pele ferida
Encarno tua alma despida
Incorporo tua persona
Consagro minha arte a tua libertação.
Represento-te!
By Nina Costa, in 18/05/2024.
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.