Poema de Mercúrio
No canto dos viveiros de carne
Me deleito no prato saciando-te
No canto dos pássaros de Marte
Sou como um astronauta orbitando-te.
Me digas o que te incomodas
Faça ranhuras em minhas notas
Tento desamarrar suas cordas
Não sei se tu notas.
Não curto prazer temporário
Gosto de entender fenômenos
Não guardo memórias fora do armário
Mas guardo amores anônimos.
Ora chamando-me de amigo,
Ora tornando-se inimigo
Deitado sobre a cama de urtiga
Com a língua coçando entre os dentes
Risoto de papos vazios e olhos lilás
Tão ocos quanto relações descomunais
Sopinha de letras para analfabetos funcionais
Me idolatram, mas falam mal por trás.
Trato-me bem, pois já passei piores
Mantenho-me zen, na força dos melhores
Arranco-me um sorriso, vida cheia de cores
Retorno a lutar, nesse circo de horrores.
Fogo lapidando meus cristais de dores
Companhias desejam-me abaixo delas
Sempre mantive a mesma qualidade e valor
Porém, nem todos merecem.